domingo, 12 de fevereiro de 2012

Dissertação -Estrutura e texto

ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

1. Introdução
a) Apresentação do assunto (idéia principal a ser desenvolvida).

b) Posicionamento do autor sobre o assunto.(Argumentos)

2. Desenvolvimento
(Contra-argumentos)

a) Defesa do posicionamento do autor, através de argumentos. A argumentação para tornar-se mais convincente e verdadeira pode valer-se de :

-exemplos

-citações

-fatos acontecidos

-dados comprovados

-causas/conseqüências

-enumeração, etc.

b) Também pode haver contra-argumentos, ou seja, idéias contrárias aos argumentos apresentados. No final, faz-se um balanço e os argumentos devem prevalecer. Na verdade, os contra-argumentos também sustentam a idéia
defendida, o posicionamento do autor.
3. Conclusão
a) Retomada de idéia principal e conclusão.

b) Podem-se apresentar sugestões sobre o

assunto.
Exemplo:

                     O casamento atual

O casamento atual, como todas as demais instituições,sofreu incríveis modificações. Se a moça ainda aguarda o cavaleiro montado em um corcel branco e que a faça feliz para toda a vida, vai morrer de velha, nessa espera.

O cavaleiro se desmistificou. Já não vem mais montado,mas sim a pé sofrendo as agruras de um mercado de trabalho  cada vez mais difícil para o homem e mais exigente com a sua capacidade.
A mulher tem mais condições de trabalho, por aceitar ganhar menos, trabalhar em qualquer hora, deixando de ver reconhecidas, pelas suas necessidades, as suas qualidades de operária.

O casamento já não diz mais "até que a morte nos separe", pelo menos não se pensa assim, e nem o homem diz para a mulher "mulher minha não trabalha fora de casa". A família é sustentada pelos dois, ou pelo trabalho da mulher

quando o homem fica desempregado. Também os casais já não têm uma casa grande, muito menos quatro a seis filhos para educar. A vida atual exigiu que o apartamento de dois ou três quartos fosse a morada da família. Os pais trabalham, os filhos ficam por conta da avó, ou permanecem sozinhos, ou em

cursos que auxiliam sua vida escolar. Raramente, a família se encontra durante a semana.

Dentro dessas modificações, fica mais fácil a separação quando as desavenças aparecem. E é nesse exato momento que se vê, realmente, que o casamento não foi feito para durar, mas para produzir felicidade. Desde os filhos, todos

querem ser felizes. Se não há entendimento, melhor viver separados do que juntos e infelizes. Os próprios filhos, quando adolescentes, são os que pedem aos pais pela sua separação,tendo em vista as brigas constantes.

A separação é um mal necessário. Todavia, ela precisa respeitar as pessoas que fazem parte da família. É necessário estabelecer um critério para a pensão alimentícia, pois os filhos precisam continuar estudando no lugar onde foram

matriculados, sem que sejam retirados dos colégios que freqüentam, tudo por uma vingança do pai para com a mãe ou vice-versa. Os filhos precisam continuar a contar com a presença dos pais e seus problemas continuam a ser tão importantes quanto eram, quando a família estava unida. O pai e a mãe têm o direito de procurar novos companheiros , pois é imposição da nova sociedade. Por sua vez, precisam ser respeitados pelos antigos companheiros, porque de nada são culpados.

A família nunca se separa, nem se desestrutura. Quem se separa são as pessoas. E essas só se desestruturam se não avaliarem bem as suas responsabilidades perante a família.

Anna Narbone de Faria é advogada, especialista em Direito de Família

Como descrever?

Como descrever?

a) Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. EX: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.
b) Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concretas. EX: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, uma pureza de cristal.
c) As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. EX: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
d) A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. EX: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente.
A descrição de um objeto será única e nunca será totalmente verdadeira. Motivos:
o ângulo de percepção do objeto varia de observador para observador;
a análise do objeto levará à seleção de aspectos mais importantes, a critério do observador;
o resultado do trabalho corresponderá a uma solução possível.
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente são, concretamente
EX: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70Kg. Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".
Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve.
EX: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia).

Descrição de uma objeto

Deve-se levar em conta:
1. A escolha do ângulo de percepção:
a) a perspectiva espacial b) a relação observador X objeto.
2. Análise do objeto: forma, cor, dimensões, peso, textura, material, utilidade. etc.
3. A seleção de aspectos: a critério do observador.

Exemplo:

"Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 17,5cm. de comprimento po 0,7cm. de diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de grafite".

Descrição de uma paisagem

Deve-se levar em conta:
1. Ângulo de percepção.
2. Análise: rural ou urbana, habitações, personagens, solo, vegetação, clima, localização geográfica.
3. Escolha de aspectos: a critério do observador.

Exemplo:

"Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora. Na frente alargava-se a praça, com o edifício vermelho da Prefeitura, ao centro. Do lado dirito ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao redor do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, arregimentavam-se geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e violetas". ("Um Rio Imita O Reno", - Vianna Moog).

Descrição de uma pessoa

Deve-se levar em conta:
1. Ângulo de percepção.
2. Análise:
a) aspectos físicos: sexo, idade, peso, cor de pele, cabelos, olhos, estatura, etc.
b) aspectos psicológicos: às vezes, a descrição de um aspecto físico do indivíduo poderá revelar um traço psicológico;
c) resultado.

Exemplo:

"O gaúcho do sul, ao encontrá-los nesse instante sobreolhá-la-ia comiserado.
O vaqueiro do norte é a sua antítese. Na postura, no gesto na palavra, na índole e nos hábitos, não há que equipará-los. O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais cavalheirosa e atraente. A luta pela vida não lhe assume o caráter selvagem da dos sertões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates cruentos a terra árida e exsicada.
e passa pela vida, aventureiro, jovial, disserto, valente e fanfarrão, despreocupado, tendo o trabalho com um diversão que lhe permite as disparadas, domando distâncias, nas pastagens planas, tendo os ombros, palpitando aos ventos, o pala inseparável como uma flâmulos festivamente desdobrada. ("Os Sertões", Euclides da. Cunha)
Fonte: www.algosobre.com.br

Um exemplo de narração

Vamos ler um bom texto narrativo e compreender como os elementos internos são bem organizados dando uma aparência de verdade à narrativa..

O primeiro beijo

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor: Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar?
- Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher:
- Quem era ela? perguntou com dor:
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer:
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir- era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor; rir, gritar; pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito .era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engolia- a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede. enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio-dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou pôr instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, espera!: Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na Cla inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada.
O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga.
Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se sacia!: Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificado!; o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva.
Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar: A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu se!; jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.(Clarice Lispedor - in Felicidade Clandestina)

Sobre o enredo vejamos a sequência dos fatos:
No texto acima, perceba:
a) existe uma situação inicial que se apresenta: a namorada pergunta, enciumada, se ela é a primeira mulher que o rapaz beijara;
b) ele titubeia na resposta: sim, houvera antes uma outra mulher a quem beijara; ela pergunta quem era a mulher;
c) e as lembranças, nesse momento, são tomadas pelo narrador onisciente, em terceira pessoa, que invade a memória da personagem e traz, em sequência dos acontecimentos, um fato antigo;
d) uma excursão de meninos subia a serra;
e) ele estava com sede e juntava saliva na boca;
f) ele pressentia que havia água por perto;
g) pararam num chafariz;
h) ele colou os lábios no fio de água, bebeu até saciar;i) ao abrir os olhos viu que era uma estátua de mulher o chafariz e que era da boca desta mulher que jorrara a água;
j) sentiu algo que também jorraria dele;
k) transformou-se em homem.
 O texto é uma boa metáfora sobre esse ritual de passagem da infância para a puberdade.A imagem da água, da sede, da estátua, da ansiedade de se conquistar algo necessário são alguns tópicos que merecem destaque.
Narrar uma história requer planejamento para que haja sucesso no objetivo de criar uma verossimilhança para o leitor ,que se encanta e vivencia esse mundo de ficção.

Narração,descrição e dissertação

I- NARRAÇÃO

Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado.
A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio.

É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (=em que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR.
Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO.

É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em 3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO

Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS.

Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2 : é
Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido (caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).

III- DISSERTAÇÃO

Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.
Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa, especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.
Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e organizadas de maneira LÓGICA:
a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de MARCADORES ARGUMENTATIVOS.
b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.
A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO ( e conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos:
1. Transforme o tema numa pergunta;
2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA);
3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o ARGUMENTO).
O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros, reconhecidos publicamente).
A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar" resumidamente ( se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro.
Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema; 2. Reflita a respeito dele;3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça a organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no DESENVOLVIMENTO do texto.

Dissertação e argumentação

Como escrever esse tipo de redação

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
A dissertação é o gênero de texto exigido dos vestibulandos na maior parte dos vestibulares do país. Ou seja, se você quer garantir sua vaga em uma universidade, não pode deixar de saber fazer uma dissertação. A professora Marleine de Toledo, formada em direito e letras pela USP, dá dicas sobre o assunto:

Como fazer uma boa dissertação?

A dissertação exige amadurecimento no assunto tratado, conhecimento da matéria, pendor para a reflexão, raciocínio lógico, potencial argumentativo, capacidade de análise e de síntese, além do domínio de expressão verbal adequada e de estruturas linguísticas específicas.

Como começar uma dissertação?

Normalmente, o aluno de redação manifesta sua angústia: "Não sei como iniciar". Não sabe como iniciar, porque não sabe como desenvolver e como concluir, simplesmente porque não organizou um plano. Nas palavras de Edivaldo M. Boaventura, "o plano é o itinerário a seguir: 'um ponto de partida', onde se indica o que se quer dizer, e 'um ponto de chegada', onde se conclui. Entre os dois, há as etapas, isto é, as 'partes' da composição. Construir o plano é, em última análise, estabelecer as divisões".

Como estruturar uma dissertação?

No livro "Como Ordenar as Ideias", Boaventura resume muito bem aquilo que o bom-senso diz a respeito de todo o texto escrito: "A arte de bem exprimir o pensamento consiste em saber ordenar as ideias. E como se ordenam as ideias? Fazendo a previsão do que se vai expor". É preciso pensar nas partes do seu texto.

Como você resumiria essas "partes" da argumentação?

A argumentação deve iniciar-se com a apresentação clara e definida do tema ou do juízo que se tem em mente e irá ser comprovado. A "segunda parte" da argumentação destina-se a oferecer as provas ou argumentos que confirmem a tese. É comum colocarem-se os argumentos em ordem crescente de importância. A "terceira fase" consiste em exibir contra-provas ou contra-argumentos e refutá-los, isto é negá-los. Na "última parte", ou síntese recapitulam-se os argumentos apresentados e conclui-se, com a reafirmação da tese.

Pode-se dizer que a argumentação é uma demonstração?

Se um limite da argumentação é a dissertação expositiva, o outro é a demonstração. Para Tércio Sampaio Ferraz Júnior, jurista e filósofo do direito, a demonstração fundamenta-se na ideia de evidência, que é a força perante a qual todo pensamento do homem normal tem de ceder. Assim, no raciocínio demonstrativo, toda prova consiste em uma redução à evidência. Já a argumentação abrange as "técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses" que lhes são apresentadas. Portanto, como dizem Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca em seu "Tratado da Argumentação - A Nova Retórica", não se deve confundir "os aspectos do raciocínio relativos à verdade e os que são relativos à adesão".

O que é dissertação argumentativa?

Na verdade, há dois tipos de dissertação. Podemos falar em dissertação expositiva, em que se expressam ideias sobre determinado assunto, sem a preocupação de convencer o leitor ou ouvinte. Já a dissertação argumentativa implica a defesa de uma tese, com a finalidade de convencer ou tentar convencer alguém, demonstrando, por meio da evidência de provas consistentes, a superioridade de uma proposta sobre outras ou a relevância dela tão-somente.

Mais especificamente, o que é argumentação?

Uma argumentação é uma declaração seguida de provas. Pierre Oléron define o ato de argumentar como: "método pelo qual uma pessoa - ou um grupo - intenta levar um auditório a adotar uma posição através do recurso a apresentações ou a asserções - argumentos- que visam mostrar a validade ou fundamento daquela".

Qual a diferença entre argumentação e dissertação?

Nenhuma. A argumentação é uma dissertação com uma especificidade, a da persuasão. Dissertando apenas, podemos expor com neutralidade ideias com as quais não concordamos. Por exemplo, um professor de filosofia que não concorde com as ideias de Karl Marx pode expô-las com isenção, dissertando sobre elas. Mas se for um marxista convicto e quiser influenciar seus discípulos, tentará provar-lhes, com raciocínios coerentes e argumentos convincentes, que essas ideias são verdadeiras e melhores: estará, então, argumentando.

O que é preciso para argumentar?

Para argumentar é preciso, em primeiro lugar, saber pensar, encontrar ideias e concatená-las. Assim, embora se trate de categorias diferentes, com objetos próprios, a argumentação precisa ter como ponto de partida elementos da lógica formal. A tese defendida não se impõe pela força, mas pelo uso de "elementos racionais" - portanto toda argumentação "tem vínculos com o raciocínio e a lógica", como disse Oléron na obra já citada.
(Fonte: vestibular uol)