quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Entenda o TRI

A teoria de resposta ao item (TRI) é o principal argumento do Ministério da Educação (MEC) ao garantir que o agendamento de uma nova prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não vai beneficiar um pequeno grupo de estudantes. Segundo nota divulgada pelo MEC, “com a TRI, o conjunto de modelos matemáticos usados no Enem permite que os exames tenham o mesmo grau de dificuldade”.
Na TRI, o foco é no item, como é chamada cada questão, e não no total de acertos. A teoria é o conjunto de modelos que relacionam uma ou mais habilidades com a probabilidade de a pessoa acertar a resposta.
Raquel da Cunha Valle, estatística da Fundação Carlos Chagas, diz que “a TRI atribui não só o certo e o errado, mas o grau de dificuldade”. “Não é só o acerto e erro, há várias coisas em consideração. Cada item tem uma característica muito particular.”
O professor Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica que “as questões têm diferentes pesos, que dependem das suas propriedades”.
De acordo com Soares, no sistema usado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o Enem, para cada item/questão é construído um modelo representado por três parâmetros: a discriminação (que ajuda a diferenciar a habilidade dos alunos), o grau de dificuldade e o acerto casual.
Ainda de acordo com o MEC, a TRI é usada desde 1995 nas provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que mede o desempenho de estudantes do ensino fundamental e médio. A teoria começou a ser aplicada no Enem no ano passado, para garantir a possibilidade de comparação das notas de diversos anos.
Sem benefíciosPara os especialistas ouvidos pelo G1, se for bem utilizada, a TRI realmente garante que a realização de uma nova prova não vai beneficiar poucos estudantes.
“Aplicando de acordo com as técnicas apropriadas, isso [agendamento de nova prova] não caracterizaria uma vantagem”, afirma o professor Soares. “É possível obter testes de resultados que podem ser comparados em momentos diferentes, em populações diferentes, com itens [questões] diferentes.”
“Tem que ser uma prova totalmente diferente, eles [responsáveis pela prova] terão que avaliar, mas, como vai ser processada pela TRI, não há prejuízo nem vantagem. A desvantagem é o inconveniente de ir até o local de prova e fazer tudo de novo. Mas, em termos de resultado, ele [aluno] não vai ser beneficiado nem prejudicado”, diz Raquel.
Ela afirma que, “se a teoria é aplicada, não é necessário ter a mesma prova para todo mundo”. “Há condições de corrigir esses itens todos em conjunto e dar uma nota para cada pessoa.”

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